domingo, 19 de maio de 2019

II Seminário de Cultura e Identidade Romá do Sul Fluminense


Foi realizado no último dia 17 no auditório da Universidade Geraldo Di Biasi pelo Centro de Pesquisas da Cultura Romá (CEPECRO), o II Seminário Cultura e Identidade Romá do Sul Fluminense, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Iniciou o Seminário a escritora e ciganóloga Cristina da Costa Pereira com o tema “Ciganos e Não-Ciganos – dicotomia no conceito de educação: antigos e novos equívocos”. Durante a explanação Cristina abordou diversos aspectos sobre a realidade da cultura cigana com o passar dos anos, em especial a particularidade tipicamente brasileira da xenofilia e como essa particularidade destoa do restante do planeta, onde os ciganos são caçados e vivem uma invisibilidade proposital por motivos de sobrevivência. Não obstante essa xenofilia há ainda o fato de não-ciganos se passarem por ciganos, mas com o agravante de deturparem a verdadeira cultura romá e ainda buscarem lucrar com essa deturpação. Cris tina também mostrou uma série de relatos da vivência dela com ciganos sobre a difícil convivência e diálogo entre profissionais da educação não-ciganos com alunos ciganos e de como isso afeta a questão motivacional destes para o estudo.


Posteriormente, iniciou sua palestra o Professor e diretor do curso de Biblioteconomia da Unirio Eduardo Alentejo. Usando o tema “Educação e Bibliotecas para a Inclusão e Cidadania Cigana no Brasil” ele abordou diversos momentos em que a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação sustentam e dão a possibilidade da comunidade romá busquem e tenham seus direitos cumpridos, e salientou também a necessidade da própria sociedade lutar para tornar esses direitos uma realidade. Alentejo também reforçou a ideia de que a LDB também permite o ensino itinerante para populações nômades e a necessidade de que esse ensino não seja “engessado” e sim adaptável às condições da realidade daquele grupo em si.
Em seguida a Historiadora e Professora Paula Lobato, com o tema “Coexistência e Reconhecimento entre Não-Ciganos e Ciganos”, fala sobre questões de como as pessoas devem buscar a quebra de preconceitos e paradigmas sobre a cultura romá. Paula também dissertou sobre sua experiência pessoal e percepções durante sua convivência quase diária no local em trabalha com a romi e presidente da CEPECRO Alessandra Tubbs.


Por fim, foi formada uma bancada pelos palestrantes para que fossem respondidos questionamentos feitos pelo público presente ao evento. Dentre os palestrantes estava a ilustre presença do Calon Marcos Rodrigues, que por motivo de tempo hábil não pode fazer sua explanação, mas foi fundamental nas elucidações das dúvidas dos ouvintes participantes do evento. Vale a pena salientar que entre o público presente encontravam-se membros das secretarias de Assistência Social, Educação, Saúde e Direitos Humanos de Resende, cidade próxima a Volta Redonda e com uma grande comunidade Romá (Calons) nela habitando. Contamos também com a participação da secretaria da mulher, idosos e direitos humanos de Volta Redonda (SMIDH) representados pela secretária Dayse e pela Juliana, a Secretaria de Saúde com a senhora Jéssica e o CREAS de Volta Redonda. Havia também a senhora Cláudia Daniele, representante da Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) e Coordenação de Diversidade e Inclusão Educacional (CDIE) e pela Superintendência de Igualdade racial e diversidade religiosa representada pela Luana Braz e membros de duas comissões distintas da OAB-VR, direitos humanos com Dr. Edson e igualdade racial e tolerância religiosa com o Dr. Walace.


O Seminário cumpriu sua função e permitiu que houvesse um estreitamento das relações entre a CEPECRO e o Poder Público, o que inevitavelmente ocasionará novas ações e discussões sobre as implicações e desafios que hão ainda vir pela frente.

Que venham outros seminários!

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