Foi
realizado no último dia 17 no auditório da Universidade Geraldo Di Biasi pelo
Centro de Pesquisas da Cultura Romá (CEPECRO), o II Seminário Cultura e
Identidade Romá do Sul Fluminense, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Iniciou o
Seminário a escritora e ciganóloga Cristina da Costa Pereira com o tema “Ciganos
e Não-Ciganos – dicotomia no conceito de educação: antigos e novos equívocos”.
Durante a explanação Cristina abordou diversos aspectos sobre a realidade da
cultura cigana com o passar dos anos, em especial a particularidade tipicamente
brasileira da xenofilia e como essa particularidade destoa do restante do
planeta, onde os ciganos são caçados e vivem uma invisibilidade proposital por
motivos de sobrevivência. Não obstante essa xenofilia há ainda o fato de
não-ciganos se passarem por ciganos, mas com o agravante de deturparem a
verdadeira cultura romá e ainda buscarem lucrar com essa deturpação. Cris tina
também mostrou uma série de relatos da vivência dela com ciganos sobre a
difícil convivência e diálogo entre profissionais da educação não-ciganos com
alunos ciganos e de como isso afeta a questão motivacional destes para o
estudo.
Posteriormente,
iniciou sua palestra o Professor e diretor do curso de Biblioteconomia da
Unirio Eduardo Alentejo. Usando o tema “Educação e Bibliotecas para a Inclusão
e Cidadania Cigana no Brasil” ele abordou diversos momentos em que a Constituição
Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação sustentam e dão a
possibilidade da comunidade romá busquem e tenham seus direitos cumpridos, e salientou
também a necessidade da própria sociedade lutar para tornar esses direitos uma
realidade. Alentejo também reforçou a ideia de que a LDB também permite o
ensino itinerante para populações nômades e a necessidade de que esse ensino
não seja “engessado” e sim adaptável às condições da realidade daquele grupo em
si.
Em
seguida a Historiadora e Professora Paula Lobato, com o tema “Coexistência e
Reconhecimento entre Não-Ciganos e Ciganos”, fala sobre questões de como as
pessoas devem buscar a quebra de preconceitos e paradigmas sobre a cultura
romá. Paula também dissertou sobre sua experiência pessoal e percepções durante
sua convivência quase diária no local em trabalha com a romi e presidente da
CEPECRO Alessandra Tubbs.
Por
fim, foi formada uma bancada pelos palestrantes para que fossem respondidos
questionamentos feitos pelo público presente ao evento. Dentre os palestrantes
estava a ilustre presença do Calon Marcos Rodrigues, que por motivo de tempo
hábil não pode fazer sua explanação, mas foi fundamental nas elucidações das
dúvidas dos ouvintes participantes do evento. Vale a pena salientar que entre o
público presente encontravam-se membros das secretarias de Assistência Social,
Educação, Saúde e Direitos Humanos de Resende, cidade próxima a Volta Redonda e
com uma grande comunidade Romá (Calons) nela habitando. Contamos também com a
participação da secretaria da mulher, idosos e direitos humanos de Volta
Redonda (SMIDH) representados pela secretária Dayse e pela Juliana, a Secretaria de Saúde com a senhora Jéssica e o CREAS de Volta Redonda. Havia também a senhora Cláudia Daniele, representante da Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) e Coordenação de Diversidade e Inclusão Educacional (CDIE) e pela
Superintendência de Igualdade racial e diversidade religiosa representada pela
Luana Braz e membros de duas comissões distintas da OAB-VR, direitos humanos
com Dr. Edson e igualdade racial e tolerância religiosa com o Dr. Walace.
O
Seminário cumpriu sua função e permitiu que houvesse um estreitamento das
relações entre a CEPECRO e o Poder Público, o que inevitavelmente ocasionará
novas ações e discussões sobre as implicações e desafios que hão ainda vir pela
frente.
Que
venham outros seminários!
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